terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Carta de amor de Alexander Pope II

Carta de amor de Alexander Pope para Teresa Blount

"Senhora,
Tenho por ti tão grande estima e tanto da outra coisa que, se eu fosse um homem com qualidades, faria muito por ti, mas do jeito que as coisas são, só sirvo para escrever uma carta cortês ou fazer um bom discurso. Na verdade, se considerarmos com que frequência e franqueza declarei meu amor por ti, fico assombrado (e um tanto ofendido) por não me haveres proibido de escrever-te e não me teres dito diretamente: 'Não me apareça mais'!
Não é suficiente para tua reputação, senhora, que tuas mãos estejam limpas de manchas da tinta empregada para trazer satisfação a um correspondente do sexo masculino. Pobre de mim! Embora teu coração consinta em estimular neste correspondente a dissoluta liberdade de escrever, não és (realmente não és) o que tanto te esforças por me fazer pensar - uma puritana! Sou suficientemente presunçoso para concluir (como a maioria dos homens jovens) que o silêncio de uma boa dama é consentimento, portanto continuo a escrever.
No entanto, para ser tão inocente quanto possível nesta carta, conto-te as novidades. Perguntas-me mil vezes quais são as novas, nas primeiras palavras que me dirigiste, o que alguns interpretariam como um sinal de que não esperas nada dos meus lábios; e na verdade, quando dois apaixonados podem ser tão impertinentes a ponto de perguntar o que o mundo faz, isso não é sinal de que estejam juntos. O que quero dizer é que um de nós não está apaixonado pelo outro. Deixo por tua conta adivinhar qual de nós é essa criatura idiota e insensível, tão cega para a excelência e os encantos do outro.

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