quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Carta de amor de Alexander Pope I

Carta de amor de Alexander Pope para Martha Blount
"Divinissima,
Constitui prova da minha sinceridade para contigo o fato de escrever após beber como preparação para dizer a verdade; e com certeza uma carta escrita após a meia noite deve estar repleta desse nobre ingrediente. O coração aquecido pelo vinho e por ti deve ter uma abundância de chamas: o vinho desperta e expressa as paixões emboscadas na mente assim como o verniz destaca as cores ocultas em uma pintura, ressaltando toda a sua radiancia natural. Em todas as horas de sobriedade do passado, minhas boas qualidades foram tão congeladas e aprisionadas em uma constituição doentia que me causa muito espanto encontrar em mim tanta virtude, agora que estou embriagado.
Nesses transbordamentos do meu coração, agradeço-te pelas duas cartas graciosas com que me favoreceste nos dias 18 e 24 do mês corrente. A que principia por "Meu encantador sr. Pope!" me trouxe inexprimível prazer; por fim, derrotaste completamente tua irma nessa conquista. Eh verdade que não és bela, visto que és uma mulher que pensa não se-ló, mas a boa vontade e a ternura que nutres por mim tem um encanto irresistível. O rosto que estava adornado por sorrisos mesmo quando não pode assistir a coroação (de George I, em setembro de 1714) só pode ser cativante. Imagino que não vãs exibir esta carta por vaidade, como tenho certeza que tua Irma faz com tudo que lhe escrevo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário